Os Bispos do Regional
Nordeste IV (Piauí) se reuniram na manhã desta segunda, 07, com o Governador do
Estado, Wilson Martins, para discutir sobre a seca que atinge o território
piauiense. Cerca de 93 municípios já decretaram estado de emergência.
A reunião teve como
finalidade apresentar a realidade encontrada junto às comunidades de cada
diocese, apontando as dificuldades enfrentadas, principalmente pelas famílias
mais carentes, que sobrevivem da produção agrícola e que já não contam com água
para o consumo humano e realização de outras atividades.
A reunião teve início
às 7h30, e foi realizada no Palácio Episcopal de Teresina. Na oportunidade, os
Bispos do Piauí entregaram uma carta, que é destinada aos governantes e
população do estado. Até o momento, o governo do estado reconheceu decretos de
situação de emergência em 102 municípios do Piauí. Estima-se que outros 60
somem prejuízos por conta da estiagem no estado.
Na carta, os bispos
argumentam que o povo do sertão piauiense depara-se com uma prolongada estiagem,
que tem causado a falta de água potável, fundamental para a sobrevivência
humana, em muitos municípios.
"As
consequências decorrentes da seca são amplas, entre as quais se pode destacar:
desarticulação e desintegração da família; portas se abrem com facilidade para
o inescrupuloso tráfico humano e o abominável trabalho escravo; comprometimento
dos valores éticos; agravamento da situação econômica, relegando muitas
famílias à extrema pobreza", diz o documento.
Os bispos ressaltam a
importância de ações de socorro emergencial às famílias prejudicadas pela seca,
como envio de cestas básicas e carros-pipa, mas também ressaltam a necessidade
de medidas em longo prazo, a exemplo da construção de cisternas e açudes.
"É hora do governo escutar a sociedade organizada e os que são atingidos
pelo flagelo das prolongadas estiagens, a fim de se buscar soluções adequadas e
duradouras", diz a carta.
Para os bispos é
preciso atuar nas dimensões emergencial e estrutural. “Vivemos um período muito
difícil. É a pior seca talvez em 15 anos. Foi uma reunião muito importante
porque pudemos relatar a realidade de cada região e ouvir do governador as
ações que estão sendo tomadas emergencialmente para garantir água e comida às
famílias flageladas, e também ações estruturantes para garantir a convivência
com o semiárido“, disse dom Jacinto de Brito Furtado Sobrinho, novo arcebispo
de Teresina.
“Nós temos buscado
agir com celeridade. Temos 7,5 milhões assegurados para o abastecimento de água
no semiárido. Com o Governo Federal, acordamos o envio do cartão Defesa Civil
para a compra de cestas básicas, gás de cozinha, ração animal. Além disso,
estamos agilizando toda a parte burocrática para a realização de obras
estruturantes, como barragens e adutoras”, afirmou o governador Wilson Martins,
que se reúne nesta terça-feira (8), em Brasília, com a ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, para tratar sobre essas obras. A ideia é
priorizar aquelas que podem ser feitas em até um ano e meio para evitar maiores
danos nos próximos anos às famílias que vivem nas regiões historicamente
atingidas pela seca.
O documento destaca a
necessidade de ações de governo, em todas as esferas, em relação a garantia de
água de qualidade para o consumo humano; garantia de alimentação adequada para
as famílias; geração de trabalho e renda com a implantação de tecnologia
adaptada ao clima da região; e educação voltada a aproveitar potencialidades do
sertão. Além disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe
ainda a criação de uma Bolsa Alimentação, no valor de R$ 300,00, durante seis
meses, para cada família atingida pela seca, assim como fiscalização da
aplicação dos recursos.
FONTE: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário