FESTA DE CRISTO REI DO UNIVERSO 25/11/2012

1. Pilatos e Jesus, frente a frente, num diálogo, que ficará, na história. De um lado, o prefeito romano, pragmático, realista, respeitador da liberdade religiosa, como era da praxe do direito romano. De outro lado, está a figura ímpar de Jesus, homem despojado, um rei desarmado, um réu inocente, acabado de ser declarado blasfemo, pelo poder religioso, delito para o qual se previa a pena de morte. Mas cabia ao poder romano, infligir a pena capital.



2. É interessante, analisar, neste diálogo, o cuidado de Pilatos, em ouvir Jesus, em escutar as suas razões, em conhecê-lo por dentro. Talvez, por um certo medo supersticioso, Pilatos admitisse estar perante uma qualquer divindade encarnada. E, por isso, ainda mais assustado (Jo 19,8), julga o seu interlocutor com todo o cuidado! Mas Jesus domina a conversa, tratando o seu interlocutor, com toda a clareza e mansidão! E, até certo ponto, parece que também Pilatos procura, com Jesus, a Verdade e o bem; parece que também ele se deixa inquietar, por dentro, por essa busca comum, procurando uma saída airosa, para aquele “em quem não encontra crime algum” (Jo.18,38)! Esta sincera busca da verdade será, depois, seriamente comprometida, com o seu apego ao poder. O desejo de progredir na carreira política abafará a sua procura da verdade!
3. A questão da “Verdade” é, pois, a grande inquietação de Pilatos: «Que é a verdade», perguntará (Jo.18,38). A pergunta ficou sem resposta, porque a Verdade, não se apanha em nenhuma definição; a Verdade não se deixa apropriar, por nenhum conceito, nem manipular, por nenhuma das partes: à medida que a Verdade se revela, também se esconde, lançando, de novo, o espírito humano, numa busca incessante, de modo que não somos nós que possuímos a verdade; é a Verdade que nos possui a nós. E esta “Verdade” está ali, frente a Pilatos, que, de algum modo, a percebe, mas não quer ver, admitir, acolher. Por isso, Jesus torna bem claro o domínio da sua realeza: “Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade! Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz" (Jo 8, 37).
4. Mas qual é a "verdade" que Cristo, veio testemunhar ao mundo? Toda a sua existência revela que Deus é Amor: portanto, é esta a verdade, da qual Ele deu testemunho pleno, com o sacrifício da própria vida. Neste sentido, a Verdade é o verdadeiro Rei, que dá a todas as coisas a sua luz e grandeza. E o "poder" deste Rei é o poder do Amor, que, do mal, sabe obter o bem, enternecer um coração endurecido, levar a paz ao conflito mais áspero, acender a esperança, na escuridão mais cerrada.
5. É necessário, pois, e sempre, que cada pessoa acolha livremente a verdade do amor de Deus. Ele é Amor e Verdade! E, quer o amor, quer a verdade, nunca se impõem: batem à porta do coração, e da nossa mente e, onde podem entrar, trazem paz e alegria! Neste Ano da Fé cabe-nos propor Cristo, como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Sem esta verdade, o homem não se encontra a si mesmo e abandona o campo aos mais fortes. Saibamos, pois, propor Cristo, no diálogo com os não crentes, no diálogo com todos “os que, embora não reconhecendo em si mesmos o dom da fé, vivem todavia uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva, acerca da sua existência e do mundo” (Bento XVI, Porta Fidei, 10). Saibamos ouvir as razões de quem não crê e romper as razões da nossa fé, convictos de que afinal “é por Jesus, que todos esperam (Bento XVI, Homilia, 14.05.2010). Caríssimos irmãos e irmãs: «Felizes os que, possuindo a verdade, a procuram ainda, a fim de a renovar, de a aprofundar, de a dar aos outros» (Vaticano II, Mensagem, 8 de dezembro de 1965).

FONTE: 
http://www.abcdacatequese.com/index.php/evangelizacao/homilia-da-semana/2141-homilia-no-xxxiv-domingo-comum-b-solenidade-de-cristo-rei-2012
EDIÇÃO: PASCOM 

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